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O espectro autista é um diagnóstico que engloba um número de apresentações bastante diversificado. Aqui, podemos encontrar desde pessoas com graves deficiências intelectuais até gênios da computação.

Desde sérias dificuldades na comunicação até um domínio avançado de habilidades no discurso. Encontrar um lugar nesse diagnóstico deve provocar bastante insegurança, em vista das discrepâncias entre tantas apresentações.

Não me refiro aos casos mais evidentes do autismo clássico, estes fáceis de se diagnosticar, mas àqueles que estão na outra extremidade do espectro. Aqueles com maiores habilidades, incluídos socialmente, com competências cognitivas preservadas e, às vezes, até avantajadas, mas que encontram sérias dificuldades em se engajar em relacionamentos, em se incluir em grupos, em formar e manter boas amizades.

Prejuízo na Interação Social

O prejuízo na interação social é uma marca de todas essas apresentações. No caso dos jovens com maiores prejuízos cognitivos e de comunicação, as dificuldades são visíveis e não há dúvida de que precisam de proteção, compreensão e orientação. Mas no caso dos que estão na extremidade mais hábil do espectro, ser desajeitado socialmente não provoca empatia, mas críticas e cobranças por comportamentos esperados socialmente. Provoca bullying, rejeição e frustração.

Mas qual é exatamente o prejuízo? O que impede esses jovens de encontrar a habilidade necessária para os relacionamentos?

Não se trata apenas dos efeitos da rejeição e da frustração criando sensibilidades e vulnerabilidades nos relacionamentos. Isso todos nós conhecemos, em maior ou menor grau, e tem a ver com nossas histórias e dificuldades vividas no passado de relacionamentos. Ansiedades sociais, timidez, autoestima baixa, são vulnerabilidades facilmente rastreáveis em nosso passado de relacionamentos e das coisas que nos aconteceram.

O Fluxo Dinâmico das Trocas Sociais

É claro que uma história de frustrações nos relacionamentos só pode aumentar o muro de dificuldades a ser ultrapassado. Mas trata-se aqui de algo mais contundente, de algo que não está em nossa história de relacionamentos e de experiências após o nascimento. Mas de um conjunto de fatores, ainda muito pouco conhecidos, que deflagra, no desenvolvimento neurológico, uma desvantagem em nossa capacidade de sincronizar e coordenar socialmente. De acompanhar o fluxo dinâmico das trocas verbais e não verbais, captando de modo natural e automático as intenções, o significado emocional dos gestos, das posturas, dos ritmos e da entonação da fala.

É como se tivéssemos que captar mensagens e reagir apropriadamente a elas, sem a maior parte das informações que fluem nas interações, ficando apenas com as palavras, mas não com o gesto que as acompanham e que pode mudar radicalmente seu significado.

Um “sim” com um sorriso de canto de boca e um olhar meio torto e desconfiado, pode significar um “não”.

Aquilo que parece óbvio para todos aqueles que captam essas coisas de modo automático, na verdade, é a conquista de mecanismos cerebrais complexos que apenas estamos começando a entender. Algo acontece nos autistas que prejudica a captação das mensagens na coordenação com o outro. E é algo a nível biológico, que provoca uma história de insucessos e frustrações na interação social.

Criando Competência Social

Por isso, o grande desafio é encontrar a melhor maneira de ajudar essas pessoas a entender as situações sociais, a reagir de modo eficaz e encontrar estratégias de sobrevivência e competência social mesmo na ausência de tais habilidades naturais.

Não sabemos até que ponto se podem compensar esses déficits, mas sabemos que existem jovens do espectro que conseguem trabalhar e fazer relacionamentos bons acontecerem. Não são a maioria, mas eles estão aí para nos lembrar que o ser humano é capaz de incríveis realizações e que pode superar grandes adversidades.

Quais ferramentas têm sido utilizadas para enfrentar esse desafio? Certamente constituem o Treinamento de Habilidades Sociais. Um conjunto de técnicas baseadas em aprendizagem social e que promovem comportamentos socialmente hábeis, utilizados por aqueles que conseguem formar amizades, network profissional e relacionamentos íntimos.

Espaços em que habilidades ecologicamente válidas possam ser aprendidas incluem grupos com apoio de coaches devidamente treinados e conhecedores das peculiaridades do espectro autista. Variadas são as pesquisas nesse campo e teremos tempo de conversar sobre elas e seus potenciais. Clique aqui para preencher o formulário e receber mais informações.

Maurício Canton Bastos

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